segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Música e a Matemática - Parte 1

Há muito tempo, tenho vontade de escrever algo sobre o que eu penso sobre este assunto. Recentemente, tomei vergonha na cara e comecei a escrever. No entanto, as obrigações cotidianas me impedem de concluir o texto no tempo que eu desejo, então resolvi separá-lo em duas partes. Espero que gostem.



Obs.: Peço perdão se cometi algum erro de gramática, mas não tive tempo de rever o texto.

Introdução

Muito se diz e se escreve sobre as semelhanças entre a Matemática e a Música. Mas, o que poucos sabem, é que a relação entre as duas vai muito além da divisão dos compassos, da marcação do tempo ou da criação das escalas. Há quem diga também que a Música está relacionada com a Física. Bem, isso é verdade, mas não é este aspecto da música que vou discutir aqui.

Quero falar da Música em sua característica fundamental como arte, dotada de estética e gênio criativo. Pode parecer estranho, mas é justamente nisto em que consiste a maior semelhança entre a Matemática e Música. Contudo, é preciso salientar que todas as ideias presentes neste texto são de cunho subjetivo. Isto quer dizer que você pode não concordar com nada do que eu vá dizer aqui.

Antes, preciso esclarecer que quando iniciei minha graduação em Matemática, dei início, quase que ao mesmo tempo, às aulas de piano. Em tempo, também devo alertar que não sou um profundo conhecedor de nenhum dos dois assuntos e que, portanto, posso estar enganado em alguns pontos.

Aprendizado

O fato é que no período inicial de ambos os aprendizados (Matemática e Música) comecei a perceber algumas semelhanças em seus métodos (de aprendizagem). Se você já fez aula de piano, ou talvez algum outro instrumento, sabe que existem exercícios de escala, de velocidade, de posicionamento dos dedos, etc. Sim, são exercícios bem entediantes, mas são de vital importância para podermos nos tornar hábeis a tocar músicas com excelência. Imagino que ninguém questione a necessidade desse tipo de treino, tanto para condicionar nosso cérebro a algumas situações que se repetem, quanto a tornar alguns movimentos automáticos e mais firmes.

Ora, isto acontece de forma quase que igual no estudo da Matemática. Todos sabem que aprender Matemática exige a feitura de exercícios maçantes com algumas contas sem sentido e problemas com total ausência de desafio intelectual ou criativo. Triste é saber que muitos pensam que Matemática consiste somente nisso! A verdade é que este tipo de exercício é o análogo ao treinar escalas quando aprendemos um instrumento. Ou seja, precisamos nos tornar aptos a realizar algumas contas ou alguns raciocínios de forma rápida e automática. Mas, outra vez parecido com o aprendizado de piano, isto não é Matemática! Assim, como treinar escala não é tocar Música.

Eu poderia discursar um pouco mais sobre as semelhanças entre o aprendizado de Matemática e Música, mas penso que devemos mover a outro tópico para manter a linha de raciocínio.

O gênio criativo

A grande maioria das pessoas pensa que matemática é um mundo completamente governado por encadeamentos lógicos, um lugar onde não há espaço para a criatividade. A primeira imagem que elas tem de um matemático (vale para outros cientistas também) é de uma pessoa fria e calculista.

Durante muito tempo se discutiu se um computador poderia, ou não, realizar o trabalho de um matemático. Rapidamente é possível concluir que NÃO! Apesar de existir todo um campo de estudos em Inteligência Artificial, não é possível um computador reproduzir características humanas inatas que são absolutamente necessárias para se fazer matemática: intuição e criatividade.

Aliás, é justamente nisto em que consiste à "verdadeira" Matemática: aliar a intuição e a criatividade às regras da lógica. Ambas são necessários para um matemático. Estamos acostumados a ver um resultado pronto, uma fórmula bonita com uma prova elegante. Mas nunca paramos para imaginar sobre todo o caminho que o criador daquela fórmula percorreu para chegar nela.

Agora, podemos voltar a Música. A verdade é que tudo o que foi dito alguns parágrafos acima acontece exatamente o mesmo no processo de criação da música. Costuma-se citar a necessidade da extrema criatividade para se fazer música, mas temos que lembrar que além da criatividade, o músico precisa ser capaz de transformar o que ele pensou em música, com métrica, com ordem, com harmonia. Isso seria o análago ao transformar a intuição matemática em um teorema, com lógica perfeita.

Continua...

P.S.: Sintam-se livres para expor qualquer opinião contrária à minha.




6 comentários:

Juliana. disse...

Gostei do texto. Eu tava enrolando pra ler pq achei que vc ia se restringir justamente às coisas que vc só mencionou em poucas linhas: o negócio dos compassos e das escalas.

T disse...

Obrigado! Pena que estou sem tempo para terminar a parte 2.

cabanga nosso bairro disse...

Para que se possa escrever a melodia de uma música dentro dessas medidas, foram então definidas as "figuras de tempo", que mantêm relações fracionárias entre si.
Conhecer essas influências matemáticas é, antes de tudo, conhecer a essência da própria Música.
Maria Atebo

Gabriel Martins disse...

Muito legal o texto =P
Realmente existem muitas relações entre matemática e música.
Tanto que muitos matemáticos são também músicos, o que é engraçado porque a sociedade tem uma visão totalmente distinta sobre as duas ocupações.
Mas como você disse muito bem, a maioria das pessoas acha que nós matemáticos só fazemos os exercícios técnicos da matemática. =P

Anônimo disse...

BRILHANTE O SEU TEXTO. ESTOU ANSIOSA PELA PARTE 2.

T disse...

Muito obrigado. Como estou muito atarefado, a parte 2 está demorando, mas ainda não esqueci dela.