sexta-feira, 14 de maio de 2010

Por que matemáticos fazem o que fazem?

Eis um texto interessante que encontrei no site do matemático brasileiro Fernando Q. Gouvêa:

It took hundreds of thousands of computers and several years of work, but they got it.
"They" are the participants in the Great Internet Mersenne Prime Search. "It" is one more very large prime number, a monster with 6 million digits, part of a sequence of numbers known as "Mersenne primes" that is expected (but not known) to go on forever.
As mathematical achievements go, this one was fairly minor. It required no theoretical innovation, no conceptual leap; time, persistence, the Internet and lots of computers were enough.
Finding a new Mersenne prime confirms the expectation that it was there to find, but does not give us much more than that. As one of the people involved said this month when the discovery was announced, "It's a neat accomplishment, but it really doesn't have any applicability."
Many great mathematical quests are like this. They are exciting adventures of the mind whose completion takes years of effort by whole communities of mathematicians but whose results are not usually of immediate practical use. This may come as a surprise, since our teachers spent a lot of time telling us that mathematics is important because it is useful. But that wasn't the whole story.

O texto completo você pode conferir aqui.



Isto também me lembrou um trecho do livro Tio Petros e a Conjectura de Goldbach (págs.28,29):
[...] a verdadeira matemática não tem nada a ver com aplicações. Nem com os processos de cálculo que aprendemos na escola. Estuda idealizações intelectuais abstratas que, pelos menos enquanto o matemático está ocupado com elas, não tocam de nenhuma forma no mundo físico e sensível.[...] Os matemáticos [...] sentem nos seus estudos o mesmo prazer que os jogadores de xadrez encontram no xadrez. Na verdade, a estrutura piscológica do verdadeiro matemático está mais próxima da do poeta ou do compositor musical, noutras palavras, de alguém preocupado com a criação da Beleza e a procura da Harmonia e da Perfeição. Ele é o pólo oposto do homem prático, o engenheiro, o político ou o homem de negócios.
Eu estava escrevendo um comentário enorme sobre os textos acima mas acabei desistindo, eles falam por si mesmos. Há quem discorde (e têm um pouco de razão), mas não vou entrar nesta discussão agora [1].

Até.

Notas:

[1] Até porque eu nem sou matemático ainda. ;-)




2 comentários:

Gabriel Martins disse...

Eu não sei muito bem o que dizer, os textos são legais, mas eu tenho pensado muito a respeito disso e ainda não cheguei a conclusão alguma.
Concordo mais com o que o Tengan fala. É simples e verdadeiro. huahuauh
Por que você aprende algo na matemática.
Em primeiro lugar, simplesmente porque é legal. huahuauhauh

Thiago S. Mosqueiro disse...

Eu não gosto mt dessas divisões. Acho que se alguém gosta de pesquisar sobre algo sem aplicação nenhuma E é muito bom nisso, espero que ele tenha recursos (ou seja, que haja recursos para pessoas assim). A versa deve valer, na minha opinião. O que não entendo é o porque que alguém que pesquisa de uma forma "precisa" dizer que o outro é ou não é alguma coisa.

Mas me entendam, eu não discordo do texto do Doxiadis: na minha pesquisa em física (física, que por si é algo aplicado ou que tem o objetivo de entender o nosso espaço e vida), por muitas vezes temos que pensar de forma mais abstrata do que precisamos pra resolver o problema.