sábado, 27 de junho de 2009

Fedora 11 Release Party Review

O Fedora 11 Release Party na USP de São Carlos correu muito bem, tivemos um número satisfatório de visitas e gravamos ISO's em USBs de uns seis usuários (cinco pen drives e um celular). Nossa plateia foi muito bacana, participou bem e conseguimos observar mais pessoas interessadas em softwares livres e unix/linux. No evento, apresentamos em forma de slides o sistema Fedora, comparando a outras distirbuições mais utilizadas na USP-SC (Ubuntu, Debian, Suse, Slackware, etc). Após a apresentação, o público participou de um momento de conversa em que mostramos o Fedora ao vivo. A iniciativa é do grupo LeGauss Free Software, cuja home page é http://legaussfs.dnsalias.net (não é necessário nem comentar, o grupo é constituído, no momento, por mim e pelo Rodrigo Jardim, ambos editores do LeGauss). Tivemos o apoio do ICMC Jr, do IFSC e ajuda de Daniele Jacinto, uma doutoranda do IFSC que sempre nos ajuda a organizar estes eventos e organizou praticamente sozinha o primeiro Install Fest São Carlos (uma semana de instalação de Linux e cursos de computação para a sociedade e universidade).

Vamos a seguir falar um pouco sobre Linux, a filosofia de Softwares Livre e onde o Fedora entraria na vida acadêmica de muitos estudantes. Este artigo pode ser tratado como uma extensão/review do colóquio.

Linux

Os sistemas GNU/Linux, às vezes chamado apenas de Linux [1], atuais são sistemas que utilizam como núcleo o sistema operacional Linux, criado pelo Finlandês Linus Torvalds baseando-se no sistema Minix, e que incluem softwares da GNU, como o Ambiente de Desktop o Gnome [2]. Como os códigos são todos abertos e o desenvolvimento pode ser feito por qualquer pessoa ou entidade, surgem diversos sabores de Linux, isto é, diversas variantes sobre a mesma base (o núcleo Linux). É o que chamamos de distribuição, e cada distribuição traz consigo o gosto de opinião dos que os desenvolvem. Veja uma lista de distribuições de Linux.

De forma diferenciada, vamos comentar sobre o Fedora. Esta distribuição é azul, muito segura e baseada no Red Hat. Tem uma forma própria de pacotes, os RPM, para a instalação dos softwares e já vem com um gerenciador de pacotes conhecido como Yellowdog Updater, Modifier (YUM, abreviado) [3]. O software Synaptic, conhecidíssimo interface para gerenciar pacotes em sistemas baseados na distribuição Debian, é compatível com os pacotes RPM e, portanto, pode ser utilizado no Fedora também [4]. Softwares como o Apache (httpd, servidor HTML) e o SSH (cliente e servidor de conexões ssh) já vêm instalados no Fedora, embora o Firewall barre o funcionamento dos servidores até que o usuário permita, explicitamente.

Se você quer tentar usar algum Linux e não tem quase nenhuma experiência (principalmente com a instalação), não há discórdias: comece com o Ubuntu ou Fedora. Ambas são distribuições muito simpáticas e seguras, e a principal diferença para um usuário iniciante entre estas duas é a cor: uma é azul e a outra, laranja. Uma idéia interessante é instalar a ISO de uma dos dois em seu Pen Drive ou em algum CD e testar o sistema sem compromisso.

Software Livre

A frase mais famosadentro do universo da liberdade em softwares é a seguinte, derivada do projeto GNU.
"Free software" is a matter of liberty, not price. To understand the concept, you should think of "free" as in "free speech," not as in "free beer".
Define-se um software livre aquele que está licenciado sobre alguma licença de Software Livre. Existem diversas: GNU General Public Licenses, Apche License, BSD Licenses, etc. Veja aqui uma lista de licensas livres.

Claro que há problemas com isso tudo: nem todo software bom, com o qual podemso estar muito bem acostumados e ter uma biblioteca pessoal já específica para o trabalho que realizamos, é livre. E não é todo software não-live que funciona bem no Linux. Há diversos softwares que funcionam apenas em um sistema operacional, como por exemplo programas que só podem ser utilizados com o Windows. A idéia de liberdade vai exatamente de encontro com essa prática: além de fornecer o código e proporcionar a liberdade na execução e estudo do programa, visa-se fazer programas que possam ser transportados para outros sistemas operacionais. E muitas coorporações não têm interesse nenhum e fornecer seu produto em qualquer sistema operacional.

Tomemos como exemplo o OriginLab. É um software realmente fabuloso, e não existem outros softwares que possam substitui-lo por completo. No entanto, todas os serviços que este software oferece podem ser realizados com outros softwares, tais como o GNUPlot. Atingir a qualidade gráfica do OriginLab leva tempo, mas é possível. Outras tarefas, como análises estatítisticas, também podem ser feitos com o GNUPlot. Mas... Veja a seguinte imagem [5].



É difícil alguém acostumado com o OriginLab encarar um programa assim, não acha? A verdade é que migrarmos (mesmo que parcialmente) para um sistema Linux exige a quebra desta acomodação. Os resultados são fabulosos, isso é certo na maioria dos casos. Mas no pain, no gain. Então, tente fazer esta pergunta para si mesmo... Quanto estou a fim de começar a participar da comunidade de Software Livre? Se a resposta, com sinceridade, for sim, então tudo o que tem que fazer é começar sua migração. Existem diversos fóruns e muitas pessoas a fim de ajudar, mas é sempre você quem deve realizar as configurações e resolver os problemas que surgirem. E é por isso que você precisa estar certo de que quer fazer parte desta comunidade [6].

Como usar Linux na vida acadêmica

Todo sistema Linux dentre estas distribuições famosas são bem seguros. E é muito útil ter um computador para servir como um repositório de trabalhos, especialmente quando estamos trabalhando em grupo. Um sistema Linux com Apache bem configurado (isto é, o menos modificado quanto possível do padrão) ou com o serviço FTP seguro podem tomar conta disso. Além disso, o SSH permite o uso deste computador central quando não estamos localmente presentes (em viagens, por exemplo). Fora isso, o uso de LaTeX é muito mais simples quando em um sistema Linux, e estes sistemas já trazem opções de editores de documentos LaTeX muito desenvolvidos (veja Kile).

Por fim...

Na vida acadêmica e profissional, o Linux é uma opção boa. Mas muitas vezes faltam drivers e sua configuração pode ser difícil para tarefas como ouvir música e ver filmes. Portanto, talvez seja uma idéia boa usar Windows e Linux ao mesmo tempo. Eventualmente, a migração pode se completar. Assim como pode não ocorrer. O importante é estar aberto para estas ferramentas diferentes.

Nós, da LeGauss Free Software pretendemos realizar um Install Fest, cujo site ficará pronto no começo de Julho. Fique atento!

Notas de rodapé:
  • [1] Linux é um sistema operacional cujo núcleo seja o Kernel Linux, desenvolvido principalmente pelo Linus Torvalds, o que é parte do que chamamos de GNU/Linux. Sistemas operacionais que têm como Ambiente de Desktop o KDE ou outros (XFCE, Fluxbox, etc) podem ter softwares da GNU, o que os colocariam entre os sistemas GNU/Linux.
  • [2] Este termo, GNU/Linux, é sugerido pela FSF, criada por Richard Stallman em 1985, e reflete de certa forma uma disputa entre membros da comunidade de softwares livres e abertos. Leia este artigo no Wikipédia para maiores informações.
  • [3] Analogamente, temos o Advanced Packaging Tool (APT, abreviadamente), que tem interfaces gráficas o Synaptic (GTK) e o APM (Qt).
  • [4] Pode-se argumentar que uma possível transição de sistemas do tipo Debian, tal como o famosíssimo Ubuntu, para o Fedora é facilitado pelo uso do Synaptic. Deixo aqui meu depoimento: o Synaptic oferece instabilidades e crashs que ainda não consigo resolver; por fim, vale a pena entender o software YUM. Portanto, não confie suas fichas nisso ;)
  • [5] Imagem retirada de http://gnuplotfortran.sourceforge.net/.
  • [6] Há algum tempo, eu, Thiago S. Mosqueiro, só uso softwares livres a menos do Maple. Mesmo o GNUPlot citado acima é o que uso hoje para criar meus plots e gráficos para meus trabalhos (mesmo para papers, que exigem uma qualidade maior do que um trabalho usual de escola). Nominalmente, uso e recomendo: emacs, gfortran, g++, gnuplot, yum, httpd, TeX live, kile, cheese webcam, konversation e o Fedora e todos os pequenos softwares envolvidos no sistema operacional.




5 comentários:

T disse...

Vale lembrar que não é de hoje que o Legauss vem falando de SL. Quem se interessar por Linux e SL, faça uma busca aqui no blog que já existem vários artigos sobre o tema.

Muito legal o review, Yoko!

Anônimo disse...

pô, cade os posts sobre matemática? ultimamente o LeGauss só tem falado de jogos e computação :(

Thiago S. Mosqueiro disse...

Anônimo, voltaremos a falar mais sobre isso agora nas férias.

Rafael "rafcor" Corradi disse...

Eu não queria deixar o blog vazio, então resolvi dar mais alguns passos pelo menos na área de minha compreensão.
E se me recordo bem, todos os editores do LeGauss estavam em época de avaliações, com exceção de eu lógico que apenas trabalho, logo a rotina de matemática e física deve retornar em breve.

Sobre o F11RP (desculpa, queria resumir o evento) deve ter sido legal o evento, pena que não pude comparecer, afinal não é todo dia que se viaja mais de 300KM para um evento né!

Thiago S. Mosqueiro disse...

Hahaha, só queria ter experimentado o bolo de chocolate... mas... diferentemente do Rodrigo, eu fiquei instalando o Fedora nos pen drives do pessoal!